sexta-feira, 20 de março de 2009

Ao Mestre (Zu) com carinho - Parte III

Ele falou, eu ouvi com toda a atenção do mundo, ele fazia piadinhas e eu ria de forma desdobrada, como criança, ele falava do jornalismo, eu aprendia. Até que ele soltou essa: “A crônica é a nossa forma de responder à agressividade, à objetividade e à frieza do jornalismo moderno. A crônica é a forma de colocar sentimento no jornalismo, porque não existe jornalismo sem sentimento”. Meu Deus! O gosto pelas crônicas não era "o de menos", era um resquício do jornalismo com sentimento. Era o "de mais" no jornalismo. Isso me tornava ainda mais próxima dele.

Quando acabou o debate era chegada a hora. Será que eu o desmitifico de uma vez ou guardo meu gênio pra mim? Mas quando ele veio descendo do palco, não pude me conter, era talvez a única oportunidade de chegar perto. Minhas mãos começaram a suar frio, as pernas ficaram bambas e eu chamei, com uma voz que deve ter saído trêmula e esganiçada: “Zuenir!”. Assim, com a maior intimidade mesmo. Ele veio em minha direção. “Desculpa, não queria te incomodar, mas é que me acho tão íntima de ti, converso tanto contigo todos os dias que achei que poderia (já sacando da bolsa o livro de capa amarela, a minha bíblia) te pedir um autógrafo”.

Ele, simpático e doce, tirou uma caneta do bolso e pegou o livro das minhas mãos, enquanto eu não parava de falar do lado dele. Acho que falei tanto que ele nem conseguiu assimilar as 300 palavras que saíam por centésimo de segundo da minha boca. Coisas de fã mesmo do tipo “estou feliz, emocionada, és meu ídolo (?)” e ele continuava abrindo o livro e posicionando-se para escrever. Até que eu, não podendo mais conter a minha pitada humorística, soltei essa: “na verdade, ia te alugar ainda mais, queria ter trazido todos os livros de sua autoria que tinha em casa pra autografares, mas achei que seria muita cara de pau trazer ainda o inveja, o cidade partida,..., o ensaio sobre a cegueira”. Ele, que já havia escrito meu nome, parou, me olhou sério e, quando viu a minha cara de cínica disse “muito engraçadinha você, hã”. E de presente eu ganhei a seguinte dedicatória: “Renata, você é uma gracinha, além de leitora fiel. Com um beijo carinhoso do Zuenir”.

Só que a última parte da dedicatória saiu das páginas do papel e este meu momento de êxtase se encerrou com um beijo terno na cabeça. Carinho de pai, de amigo, de pessoa. Fechei o livro e, novamente, com os olhos cheios de lágrimas, fui carregando meu troféu e transformando o meu gênio Zuenir, aquele que “não parece”, que “é”, ainda mais gênio, ainda mais amigo (agora pra mim a nossa amizade tinha virado via de mão dupla), ainda mais mito. O mito mais humano que já existiu nesse Planeta. E tudo isso com um orgulho imensurável do meu sentimento de idolatria.

Tenho certeza, agora plena, do que há algum tempo venho afirmando: “quando crescer, quero ser igual a você, meu Mestre Zu”!

Só acho que em mim não há espaço pra tanta grandiosidade e encanto.

1 comentário:

Anónimo disse...

SENSACIONAL! Adorei! Cara, imagino vc com este tamanho todo falando desesperadamente e exageradamente como fala, coisas do tipo: Li tal livro trezentas vezes, a crônica tal é lida em voz alta antes do pai nosso no meu altar do Zuenir antes de dormir... Depois desse beijo na cabeça e ser chama de "engraçadinha", me consideraria mesmo íntimo...

Bj!